Dá-me vontade de rir

Quando as pessoas me dizem que sou uma sortuda.

Se eu perdesse 10 minutos a explicar-lhes que a sorte não existe, que tudo o que tenho que as fazem pensar que nasci com o rabinho para a lua se deve a trabalho, a dedicação, a garra, a luta, a engolir sapos para depois vomitar dragões, a deitar-me prostrada de cansada na cama na noite do dia que correu menos bem ( e eu digo menos bem e não mal) para no dia seguinte abrir o roupeiro tirar a armadura e "aboulhar-me" para o campo de batalha, elas diriam-me que é mais fácil ficarem inertes.
Se me apetecesse agarrar-lhes nos ombros e abanar-lhes. gritar-lhes que de todas as vezes que a vida me traz coisas menos boas ( e eu digo menos boas e não más) eu tento sempre tirar proveito disto, nem que seja para aprender a não fazer o mesmo, elas diriam-me que é bem mais fácil ficarem amorfas.
Se para elas fizesse alguma diferença eu olhar-lhe nos olhos e dizer que de cada vez que me apetecesse desistir há quinquagésima abdominal que faço, de cada vez que me apetece mandar à merda o utente mal educado que me aparece à frente, as vezes que me obrigo a saber mais, as vezes que o meu corpo me manda parar e eu simplesmente respiro fundo uma, duas vezes e obrigo-me a seguir à frente, elas diriam-me que isto deve de ser fodido para caraças.
Por isso, de todas as vezes que me dizem que sou uma sortuda simplesmente sorrio e digo que sim, nasci no ano, dia, mês, hora e minuto perfeito...devo-o aos astros!