O passageiro 18 B

Embarque na porta 32A em Frankfurt feliz e contente porque tinha mais um lugar à janela quando me deparo com os meus dois vizinhos e entro em pânico, na coxia estava um homem tão gordo que era em autêntico milagre ter-se conseguido sentar e ao meu lado ficaria um sujeito franzino de aspecto estranho, cabelo grande, desgrenhado e ainda por cima a cheirar a sovaco.
A inquietude do sujeito franzino estava a irritar-me, não sossegava um minuto e comecei a pensar que o gajo estava completamente ganzado. Passado uns 5 minutos apercebo-me incrédula que ele estava a descalçar-se, saca do seu Mp3 e começa a meditar. Apercebo-me que está a ouvir música clássica e pensei que ganza é esta que lhe dá para ouvir Tchaikovsky.
Não resisti à curiosidade e perguntei-lhe se estava nervoso ou com medo de viajar de avião. Ele responde-me com outra pergunta : "O que é o medo?"
A partir da aí saiu uma das conversas mais interessantes e mais absorventes que já tive na vida com um total desconhecido. Falamos de Alopatia, Acupunctura, Homeopatia, da Consciência Social, do Hinduísmo, Eckart Tolle, de Deus. Das mudanças, das energias, da doença, do meu vício de Tabaco, da experiência do macaco nº 100, da mitocôndria e por último pergunto-lhe afinal o que faz ele da vida e responde-me que é médico.

Moral da história, uma viagem que podia ter sido um horror virou uma lição de vida e saí daquele avião tão mais cheia de conhecimentos que a minha cabeça até fervilhava.
Para além de que o cheiro a sovaco tornou-se imperceptível à medida que me embriagava nas suas palavras.